Coleção: Romano Cunha

Sobre o Produtor

Nestas e à volta destas terras a tradição é milenar, há uma história milenar do vinho, por detrás destes montes e montanhas quase guardados em segredo por quem sempre existiu. Hoje em dia, este tipo de projeto, como o de Romano Cunha, faz com que o ouvido, o nariz e a boca fiquem com o que se faz em matéria de vinho. E os motivos são incontáveis. Uma delas é a identidade irreproduzível dos vinhos. Irrepetível pelo clima rigoroso, o inverno rigoroso e o calor do verão, marcado pela altitude e proteção dos efeitos atlânticos pelas colinas, e uma herança vitivinícola quase intocável. Romano Cunha faz parte desse universo, do novo e do bem que se faz ali. Desde Chaves, onde cresceu e viveu Mário Romano Cunha, as suas raízes alimentaram o desejo que o fez estudar e obter formação agrícola, e foi do outro lado da região de Trás-os-Montes, no concelho de Mirandela “…queimado por um sol de fogo ou uma neve fria”, nas palavras do poeta Miguel Torga, também destas origens, que nasceu o projecto vitivinícola, depois de a família ter herdado e comprado algumas propriedades, que hoje combinam duas vinhas num total de 13 hectares. Como é habitual nestas paragens, a vinha e o vinho eram apenas mais uma cultura, entre outras culturas. Para beber o vinho, o agricultor teria que produzi-lo, pois o isolamento e as dificuldades de comunicação ditavam essa rotina. Do pouco lucrativo propósito de colocar as uvas na cooperativa e do impraticável negócio a granel com alguns dos irmãos mais novos, de rentabilidade inviável, a inevitável criação e engarrafamento de uma marca própria começou a ganhar corpo e força. E assim, aconteceu. Aproveitando a vinha reconvertida, tendo também ao seu dispor uma vinha com 80 anos, em que abundavam Tinta Amarela e Bastardo, ou seja, não faltam matérias-primas de qualidade. Além disso, quando a vinha foi convertida, ele recebeu alguma ajuda das mãos capazes de Daniel Perez, irmão do famoso enólogo espanhol Raul Perez. A vinha também foi projetada para ser mecanizada, incluindo técnicas de alinhamento a laser. Daniel e Raul ajudaram na viticultura e na adega, dando um apoio crucial, nos pequenos e grandes detalhes que provam fazer a diferença, incluindo a gestão do frio da uva até à sua fase final. Os ingredientes foram alinhados para que tudo corresse bem! E assim saiu a colheita de 2009, a primeira. Só poderia dar certo! Dessa equipe pouco ortodoxa, nada mais se poderia esperar. Vivendo pelo lema de que os vinhos têm de sair neste momento certo, o contrato conceptual entre Mário Romano Cunha e o grande autor de vinhos que é Raul Perez. Não espere nada menos do que vinhos com pouca vibração aromática ou natureza trivial. Pelo contrário, são vinhos com paralelo em fibra e têmpera de Trás-os-Montes. Apontando para o máximo de qualidade, os rendimentos são muito baixos, vinhos moldados pelos solos graníticos a 400 e 500 metros de altitude, sem herbicidas, pouquíssimos tamanhos no solo, pouquíssimos tratamentos, um pouco de enxofre, aqui e ali, como Mário Cunha diz comparando com a famosa região vizinha, “enquanto no Douro fazem oito ou nove tratamentos, aqui fazemos um por precaução”. Não é por acaso que esta região é a de maior produção biológica do país. Romano Cunha são vinhos para conhecer, distintos, com algum culto, com produções reduzidas, a não perder para quem aprecia e aprecia este vago de qualidade que sopra por detrás da serra.

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